Acadêmicas: Ana Comper, Ana Mincarone e Josiana Félix
ALFABETIZAÇÃO
E EMPOWERMENT POLÍTICO
Na
primeira metade do século XX, o teórico social italiano Antonio Gramsci
defendia a alfabetização como sendo essencial para todos. Ele pensava a
alfabetização como instrumento fundamental de luta contra a dominação, que
daria a oportunidade de voz ao povo para que se pudesse construir uma sociedade
ativa. Gramsci entende o processo de alfabetização com uma prática social, que
deve estar vinculado ao conhecimento, ao poder, bem como a luta político e
cultural.
O texto de Giroux mostra a alfabetização
como instrumento desigual entre a classe média e trabalhadores, a qual
privilegia aqueles com mais condições.
A partir dos estudos ficou ainda mais
claro que a educação contemporânea precisa ser vista como uma forma de política
cultural que significa perceber as dimensões sociais, culturais, política e
econômica da vida cotidiana dos envolvidos no processo de escolarização. Neste
cenário se estabelecem relações de poder e de conhecimento, onde o processo de
alfabetização torna-se a emancipação social e cultural.
Um
exemplo que não devemos seguir é o do professor que muitas vezes se choca e
escandaliza com as situações que presencia em sala de aula, e que ansioso em
proporcionar a compreensão e ampliar a visão dos alunos aplica uma correção
equivocada, política e ideológica de sua posição, uma vez que apresenta os seus
valores e crenças construídos ao longo de sua vida. Desta forma apresenta um
discurso autoritário que revolta, silencia e marginaliza os alunos.
Contudo, a pedagogia crítica
proposto pelo autor nos leva a dar voz e vez aos sujeitos para manifestar seus
pensamentos, apresentarem sua narrativa pessoal para a partir daí então
explorar e conhecer outros significados e visões de mundo. Cabe ao professor
estabelecer um diálogo crítico, proporcionar ao aluno o contato com linguagens
e discursos diversos que ampliem os horizontes e levem os alunos a confrontar
suas ideias, suas certezas e dúvidas a fim de desenvolver uma sintonia, uma
confiança compartilhada no compromisso com a melhoria da qualidade de vida
humana.
Em se tratando de adulto
Carvalho (2010, p. 53) enfatiza,
"Sugiro
conversar sobre a vida deles, o que fazem fora da escola, se trabalham, do que
gostam etc. No caso talvez uma notícia de futebol, uma letra de rap ou de uma
canção, uma piada, um anúncio ou bilhete, que sejam atraentes, até porque a
maioria passou por muitas experiências frustrantes e já conhece os nomes das
letras. Deve ser aflitivo para esses adultos terem sempre a sensação de começar
do zero, portanto é bom escolher um texto diferente, usado na vida social, que
seja uma novidade para eles."
Essas
reflexões nos levam as novas metodologias, adequadas à realidade do educando,
não seguindo a padronização da cartilha que reduz o aprendizado a símbolos
pré-determinados e que não conduzem com o contexto, mas sim de priorizar o
conhecimento trazido pelo o educando na sua bagagem de vida.
Para
Paulo Freire, a alfabetização não se dá pela repetição ou memorização de
palavras ou sílabas. Alfabetizar é oportunizar que o sujeito perceba de forma
crítica o mundo a sua volta.
Portanto,
precisamos nos desacomodar deixar nossas certezas de lado e dar espaço a um
olhar de amor e interesse às questões que às vezes nos parecem ter respostas
tão óbvias, mas que para nossos alunos tem um significado diferente e que nem
por isso deve ser desprestigiado. Precisamos respeitar as experiências de vida
de cada sujeito demonstrando respeito à cultura popular, como afirma Freire, os
educadores críticos são também educandos, uma vez que devem aprender a como renovar
uma forma de autoconhecimento mediante uma compreensão da comunidade e da
cultura que constitui ativamente as vidas de seus alunos. Enfim a valorização
da pluralidade cultural contribui para uma educação emancipadora de
comprometimento individual e social.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, de Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre teoria e prática,
7º ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2010.