sexta-feira, 22 de junho de 2018

ALFABETIZAÇÃO E EMPOWERMENT POLÍTICO

Acadêmicas: Ana Comper, Ana Mincarone e Josiana Félix


ALFABETIZAÇÃO E EMPOWERMENT POLÍTICO

            Na primeira metade do século XX, o teórico social italiano Antonio Gramsci defendia a alfabetização como sendo essencial para todos. Ele pensava a alfabetização como instrumento fundamental de luta contra a dominação, que daria a oportunidade de voz ao povo para que se pudesse construir uma sociedade ativa. Gramsci entende o processo de alfabetização com uma prática social, que deve estar vinculado ao conhecimento, ao poder, bem como a luta político e cultural.
       O texto de Giroux mostra a alfabetização como instrumento desigual entre a classe média e trabalhadores, a qual privilegia aqueles com mais condições.
         A partir dos estudos ficou ainda mais claro que a educação contemporânea precisa ser vista como uma forma de política cultural que significa perceber as dimensões sociais, culturais, política e econômica da vida cotidiana dos envolvidos no processo de escolarização. Neste cenário se estabelecem relações de poder e de conhecimento, onde o processo de alfabetização torna-se a emancipação social e cultural.
Um exemplo que não devemos seguir é o do professor que muitas vezes se choca e escandaliza com as situações que presencia em sala de aula, e que ansioso em proporcionar a compreensão e ampliar a visão dos alunos aplica uma correção equivocada, política e ideológica de sua posição, uma vez que apresenta os seus valores e crenças construídos ao longo de sua vida. Desta forma apresenta um discurso autoritário que revolta, silencia e marginaliza os alunos.
         Contudo, a pedagogia crítica proposto pelo autor nos leva a dar voz e vez aos sujeitos para manifestar seus pensamentos, apresentarem sua narrativa pessoal para a partir daí então explorar e conhecer outros significados e visões de mundo. Cabe ao professor estabelecer um diálogo crítico, proporcionar ao aluno o contato com linguagens e discursos diversos que ampliem os horizontes e levem os alunos a confrontar suas ideias, suas certezas e dúvidas a fim de desenvolver uma sintonia, uma confiança compartilhada no compromisso com a melhoria da qualidade de vida humana.
           Em se tratando de adulto Carvalho (2010, p. 53) enfatiza,

"Sugiro conversar sobre a vida deles, o que fazem fora da escola, se trabalham, do que gostam etc. No caso talvez uma notícia de futebol, uma letra de rap ou de uma canção, uma piada, um anúncio ou bilhete, que sejam atraentes, até porque a maioria passou por muitas experiências frustrantes e já conhece os nomes das letras. Deve ser aflitivo para esses adultos terem sempre a sensação de começar do zero, portanto é bom escolher um texto diferente, usado na vida social, que seja uma novidade para eles."
       
            Essas reflexões nos levam as novas metodologias, adequadas à realidade do educando, não seguindo a padronização da cartilha que reduz o aprendizado a símbolos pré-determinados e que não conduzem com o contexto, mas sim de priorizar o conhecimento trazido pelo o educando na sua bagagem de vida.
Para Paulo Freire, a alfabetização não se dá pela repetição ou memorização de palavras ou sílabas. Alfabetizar é oportunizar que o sujeito perceba de forma crítica o mundo a sua volta.
Portanto, precisamos nos desacomodar deixar nossas certezas de lado e dar espaço a um olhar de amor e interesse às questões que às vezes nos parecem ter respostas tão óbvias, mas que para nossos alunos tem um significado diferente e que nem por isso deve ser desprestigiado. Precisamos respeitar as experiências de vida de cada sujeito demonstrando respeito à cultura popular, como afirma Freire, os educadores críticos são também educandos, uma vez que devem aprender a como renovar uma forma de autoconhecimento mediante uma compreensão da comunidade e da cultura que constitui ativamente as vidas de seus alunos. Enfim a valorização da pluralidade cultural contribui para uma educação emancipadora de comprometimento individual e social.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, de Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre teoria e prática, 7º ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2010.


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